terça-feira, 4 de março de 2008

amigas comestíveis


ao nascer dos “primeiros dentinhos”, nós os divorciados, passamos por uma fase semelhante à dos bebés, em que nos apetece levar tudo à boca. é naquela altura em que a cama de casal assume as proporções de um campo de futebol e a toalha de mesa se torna substituível por um “individual”. é justamente nesse momento aterrador em que a casa e o mundo se tornam gigantes e ficamos mais vazios que um poço sem água, que começamos a sentir uma natural tendência devoradora. e eis então que tudo o que mexe, marcha(tudo o que mexe = tudo o que está à mão de semear, desde que, minimamente comestível, como é óbvio). e se não marcha é porque elas não querem. a quase solidão provoca medo que, por sua vez estimula carências e daí ao pecado da gula vai um passo de criança que ainda não sabe andar.

das lições mais difíceis que um divorciado tem de aprender, esta é talvez a primeira mais difícil de todas: comer, seja aquilo que for, não torna “aquilo que for”, nosso.

a segunda lição mais difícil é perceber que mulher dos nossos amigos são homens.

a terceira é que as amigas não são comestíveis. todos sabemos que esta é uma regra de ouro que nunca, mas nunca, deverá ser quebrada.

ora, acontece, porém, que eu, como sou um menino muito teimoso e um com uma “pontaria” bastante certeira, descobri que existe uma forma de contornar a terceira situação. a excepção é então, um bolinho de nata (vulgo pasteis de Belém) e que dá pelo nome de, precisamente, “amiga” (favor não reclamar, porque é o que se arranja e o que se arranja sempre é melhor que nada!). a palavra "nada" aqui não tem o significado real, porque era tudo e não nada.

portanto, meus amigos, esqueçam os finos, os whisky e as jantaradas e mostrem um pouco de atitude da próxima vez que tiverem que justificar o quilinho ou dois a mais:

"- então essa barriguinha?
- ah, isto!? é que andei a comer umas amigas!”

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